28/01/2010

Pequenos grandes gestos que salvam vidas!

As histórias de crianças com leucemia não param de crescer. É frequente surgir um novo caso nos meios de comunicação social, onde se apela à solidariedade da população. Mas será que a leitora sabe como se pode candidatar a dadora de medula óssea, uma vez que o transplante é a única esperança para a sobrevivência destas crianças? A Bebé Saúde lança-lhe o desafio: leia este artigo, não perca tempo e inscreva-se como possível dadora. Um acto tão simples pode mesmo salvar vidas.

A história da Marta, uma menina de cinco anos que sofre de leucemia, veio demonstrar como a solidariedade ainda é uma característica dos portugueses. Amplamente divulgada nos meios de comunicação social, com uma forte campanha movida pela família, reuniu centenas de candidatos dadores de medula, por todo o país e a boa notícia chegou: a pequena e doce Marta tem um dador compatível. Actualmente, encontra-se em recuperação depois de ter realizado um transplante de medula óssea no IPO de Lisboa (um segundo pois o primeiro foi rejeitado pela criança). Actualmente, enfrenta um doloroso e longo caminho de recuperação pela frente.
A história da pequena Marta é semelhante à de tantas outras crianças que têm um “dói dói grande” como a própria já confessou à comunicação social. Apesar da grande onda de solidariedade e da sua página no Facebook (rede social na internet com milhares de utilizadores em todo o mundo) já ter ultrapassado os 14.000 que estão atentos e preocupados com a evolução do seu tratamento, ainda há quem tenha muitas dúvidas no que respeita ao processo de tentativa de doação de medula. Para que comece o ano com um objectivo que custa tão pouco e que pode salvar a vida de crianças com leucemia, a Bebé Saúde dá-lhe todas as informações necessárias. Lembra-se dos desejos que pediu ao comer as 12 passas na passagem de ano e dos objectivos que traçou para 2010? Acrescente mais um e viva o voluntariado na sua melhor expressão: candidate-se e quem sabe pode vir a salvar a vida de alguém que necessite.

Não há que ter medo!
“A transplantação de medula óssea é uma prática terapêutica reconhecida, que permite muitas vezes a cura de doenças graves e que podem ser frequentemente mortais. Estas doenças são muito variadas e podem ocorrer, quer em adultos, quer em crianças. As mais frequentemente citadas são as leucemias”, indica o Centro de Histocompatibilidade do Sul (CHSUL).
Para estas situações, muitas vezes, a única e derradeira esperança de vida é a transplantação de medula óssea com um dador idêntico.
“Uma das condições absolutas para o sucesso da transplantação de medula é a compatibilidade tecidular entre dador e receptor. Assim, é preciso transplantar o doente com uma medula óssea tão idêntica quanto possível no que respeita aos marcadores ou antigénios HLA (antigénios de leucócitos humanos).”
Em primeiro lugar, as equipas médicas vão tentar encontrar dadores compatíveis na família (começando a procura pelos irmãos). No entanto, sabe-se que apenas um em cada quatro doentes encontra um dador idêntico entre irmãos, ou seja, “que tenham herdado as mesmas características tecidulares paternas e maternas”. Por esse mesmo motivo, a esperança de cura acaba por ser centrada nos dadores voluntários compatíveis com o doente. E é aqui que a leitora e os seus familiares podem contribuir!!! Não há porque se sentir insegura mas se preferir, combine com amigos ou familiares e juntem-se nesta causa. Perderá pouco tempo e sentir-se-á muito bem depois de cumprida a sua missão.

Como ser dador?
“Se a sua idade está compreendida entre 18 e 45 anos, se tem boa saúde e gostava de ser dadora voluntária de medula, basta que transmita ao CHSUL ou aos Centros de Dadores a sua vontade (mais informações em www.chsul.pt)
Vão-lhe pedir o seu nome e a morada e irá receber um folheto informativo do processo e um pequeno questionário clínico que deverá preencher e devolver. Esse questionário vai ser depois avaliado por um médico e caso não haja nenhuma contra-indicação vai ser chamado para fazer um simples teste.” Se pensa que este é um processo doloroso, saiba que o teste consiste numa simples análise ao sangue. Os dados recolhidos serão posteriormente guardados numa base informática nacional e internacional e serão usados sempre que um doente seja proposto para transplantação de medula óssea.
“Assim que é identificado um potencial dador compatível, este é informado e, caso aceite, vai prosseguir o processo. Nessa altura, o dador vai ser chamado para fazer testes adicionais de compatibilidade, bem como uma nova avaliação para doenças virais que possa ter tido no espaço de tempo entre a inscrição e a chamada. É este o passo a que se intitula a activação do dador.
Se a avaliação de todos os resultados laboratoriais continuar a considerar o potencial dador como o mais indicado, este vai ser submetido a um exame médico completo onde pode ainda esclarecer quaisquer dúvidas que tenha sobre o processo de dádiva”, esclarece o CHSUL.
Nesta fase, o dador deve estar absolutamente certo da sua decisão de fazer a doação e é-lhe pedido para assinar um impresso de consentimento informado. A partir desse momento, o doente começará a fazer a preparação para a dádiva de células de medula.
Sabia que com este pequeno gesto pode salvar vidas? E que apenas 25% dos doentes tem um familiar compatível e que qualquer um de nós pode responder às 75% de hipóteses de cura de um doente? Para muitos doentes, o transplante de medula óssea é a única esperança de vida!

A doação de medula na prática
Após ter sido encontrado um dador, existem duas formas de colheita das células compatíveis, conforme esclarece o CEDACE (Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão), sediado no CHSUL.

- Colheita de células progenitoras do sangue periférico: o sangue vindo da veia do dador circula através de um aparelho chamado separador celular que recolhe, apenas, as células necessárias para o transplante, devolvendo as restantes ao dador;

- Colheita de medula óssea: as células progenitoras do interior dos ossos pélvicos são colhidas directamente, pelo que se requer uma breve anestesia e 24 horas de hospitalização.
O dador poderá optar pela forma de colheita e a cada etapa deste processo ser-lhe-á dada informação sobre o que se irá passar.

O que é a medula óssea?
É o órgão formador das células do sangue, constituído por material esponjoso que se encontra no interior dos ossos. É o local onde as nossas células sanguíneas são produzidas.
Dentro da medula, existem células que se chamam células mãe, cuja função é a diferenciação e produção de células sanguíneas tais como:

Glóbulos vermelhos – transportam o oxigénio dos pulmões para todas as células do corpo;

Glóbulos brancos – combatem as infecções, protegem a integridade do nosso corpo e exercem vigilância imunológica;

Plaquetas – previnem e param as hemorragias.


Condições para ser dador
- Ter entre 18 e 45 anos;- Peso mínimo de 50kg;- Ser saudável;- Nunca ter recebido transfusões;- Não precisa de estar em jejum.
No acto de inscrição num dos vários locais espalhados pelo país onde poderá candidatar-se, deverá apresentar o seu BI ou o cartão de cidadão. Preencherá um formulário e depois de analisadas as suas respostas, saberá se se pode candidatar. Posteriormente, será recolhida uma pequena colheita de sangue (cerca de 12 ml).


Onde recorrer?

Centro de Histocompatibilidade do Sul

Alameda das Linhas de Torres, 1769-011 Lisboa (dentro da cerca do Hospital Pulido Valente)

Site. http://www.chsul.pt
E-mail: lusotransplante@chsul.pt
Telf. 217 504 100
Fax. 217 504 101

Horário de funcionamento: Segunda a Quinta-feira das 8 às 16 horas e Sexta-feira das 8 às 15 horas


Centro de Histocompatibilidade do Norte

Rua Dr. Roberto Frias Pav. Maria Fernanda, 4200-467 Porto

Site. http://www.chnorte.min-saude.pt
Telf. 225 573 470
Fax. 225 501 100

Horário de funcionamento: de Segunda a Sexta-feira das 9h00 às 17h30 (sem interrupção de hora de almoço)* Nas traseiras do Hospital de São João, junto ao Pavilhão das consultas externas na direcção da Faculdade de Desporto (sempre dentro do recinto do Hospital).

Centro de Histocompatibilidade do Centro

Praceta Professor Mota Pinto, Apartado 9041, 3001-301 Coimbra(dentro da cerca dos Hospitais da Universidade de Coimbra)

Site. http://www.histocentro.min-saude.pt
Telf. 239 480 700
Fax. 239 480 790

Para mais informações sobre locais onde se pode inscrever como dador, aceda ao seguinte link:
http://www.chsul.pt/web/index.php?m=36

Texto: Cláudia Pinto
Publicação: Revista Bebé Saúde, Janeiro 2010

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito obrigada pela explicação, sra. jornalista! Fiquei muito mais esclarecida! :)
Beijocas e bom fds!
Ivana

José Carlos Ramalho disse...

Viva.
Não é esta reportagem que gostaria de comentar. Via-a na diagonal à espera de encontrar um contacto seu.

Há tempos vi uma reportagem sua na SIC sobre crianças orfãs em Moçambique. Penso que a mensagem é forte e está bem construída.

Sei também que não podemos resolver os problemas do mundo mas se todos fizermos um pouco... Nesse sentido, gostava de saber duas coisas: 1) se é possível enviar uma encomenda a alguns daqueles miúdos; 2) se é possível, através de um canal credível enviar uma ajuda regular a uma daquelas famílias.

Já havia pensado nisto a algum tempo, mas nunca há tempo... O que fez despelotar esta mensagem foi o facto da empresa em que sou administrador ter recebido pelo Natal uma bola oficial do campeonato do mundo de futebol e até agora ninguém saber o que fazer com ela... Lembrei-me daquela família de miúdos, suportada pelo irmão mais velho, em que um dos mais pequenitos dizia que o seu sonho era ter uma bola...

Como não arranjei mais nenhuma maneira de a contactar aqui ficam os meus contactos:

José Carlos Ramalho
jcr@di.uminho.pt