02/09/2007

Os meus amigos cidadãos do mundo

Tenho uns quantos amigos que, de quando em quando, decidem partir à aventura de novas experiências. Neste momento, alguns já estão de regresso e outros permanecem noutros países onde estão a estudar ou a desenvolver uma profissão. A Lenira está neste momento em Portugal, mas vai voltar para o País de Gales para tirar o mestrado. Acabou agora o curso de psicologia. O Ricardo esteve seis meses na Dinamarca e regressou ontem... vamos ver até quando. O Bruno (projecto de diplomata) tem uma estadia mais longa em Bruxelas e ainda vamos ter de esperar muito até ao seu regresso. O Pedro esteve em Espanha, voltou de lá, esteve por cá, mas voltou para lá. Confusos? Pois, ele também passou por essa fase mas por agora está novamente em terras de nuestros hermanos... veremos até quando (parece que o último emprego ainda não está a ser como ele imaginava. No entanto, diz que trabalha pouco e ganha muito. O que é que nós precisamos mais?) O Filipe trabalha em Inglaterra e só vem a Portugal nas férias. O Bruno transformou-se num mexicano assumido... Depois, temos a mais cidadã do mundo que eu conheço. A minha Rita, amiga de infância, possuidora de um chip que a faz mudar de ares de vez em quando. Esteve um ano nos EUA, passou três anos em Sevilha, foi estagiar para Itália e encontra-se actualmente no País de Gales. Apesar da internet ser maravilhosa a encurtar distâncias e permite uma actualização frequente da vida dos meus amigos pelo mundo, sinto saudades deles e gosto de os ter por perto. A Rita, a mais aventureira de todas, tem sempre histórias para contar e com ela, o tédio não existe. Já esteve em quatro países em apenas três dias e continua sempre com o sorriso contagiante e com a energia que a caracteriza. Podem conhecer as suas peripécias em http://eueasminhascoisas.blogs.sapo.pt/
Costumo brincar com ela e dizer-lhe que começo a ficar farta de marcar encontros e cafezadas para a receber em grande estilo, isto porque ela não aguenta muito tempo por cá e arranja sempre maneira de ir para outro País. Quando isto acontece, volto a reunir as tropas e a combinar cafés de despedida! Andamos sempre nesta inquietação entre encontros de boas vindas e cafés de despedida. A Rita aprendeu a ser uma cidadã do mundo e tem esta mania de abandonar os amigos quando ainda se estão a habituar à sua presença. A boa notícia é que a Rita está de volta daqui a 2 semanas. Dá por terminada a aventura no País de Gales e volta para o nosso cantinho (e oh p'ra mim toda contente com o seu regresso). Depois, é analisar minuciosamente o meu telemóvel e reparar que tenho não sei quantos números dela: o de Sevilha, o de Itália, o de Gales e o de cá. Tem a mania que é importante, essa é que é essa! :) O mais interessante é verificar que a distância é um mero pormenor e que há amizades que não se deixam abalar por esta circunstância, mantendo-se fortes e unidas. Tem sido muito bom constatar que os amigos verdadeiros permanecem, independentemente dos ideais, dos tipos de vida, do país em que vivem e das vezes que os encontramos. Rita, volta, estás perdoada! Vê lá se te aguentas mais uns tempos por cá. Isto de viajares e ires para outros países é bom a nível profissional mas a malta sente sempre a tua falta. Este mês vou ficar mais rica: dois dos meus grandes amigos estão de regresso com quinze dias de diferença: o Ricardo já cá está e a Rita está quase a chegar. Não posso fingir que não estou a gostar deste sentimento egoísta de os receber e ter por perto...

6 comentários:

Ana Tomás disse...

Nao posso!!!???
MIGA!!!... BEM VINDA AO MUNDO DO DESCAFEINADO!!!! ;)
Bjs *******************

Anónimo disse...

O q temos q fazer é um roteiro por andam os teus amigos, e vamos visitá-los a todos... Tb procuro onde é q tenho alguns amigos meus, e seguimos viagem.
BjSS

Unknown disse...

olha que boa ideia Paulo!!!Eu colo-me a vc e vamos todos!!!!Ehhehh bjs

Anónimo disse...

VOLTEI!!!!!!!!!!! Bjinhos!!

Anónimo disse...

Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Assim ainda fico com mais vontade de voltar! Para estar com amigos assim vale a pena!

Unknown disse...

O mundo é redondo exactamente para darmos volta e podermos voltar a nos encontrar!! Ninguém fica em canto nenhum!!
Mas, a responder esse teu maravilhosso texto sobre os amigos, vou utilizar, com mto respeito, um poema do Vinícius de Moraes que é simplesmente lindo e já diz tudo.
É assim:

AMIGOS

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

(Vinícius de Moraes)