11/06/2008

Portugal a caminhar para o caos

Em 29 anos de vida, nunca vi tal crise no País. Bombas de gasolina cheias, pessoas a conduzir a velocidades estrondosas à procura de um lugar para "abastecer", supermercados vazios, mortes na estrada... Que o País estava mal, já todos nós sabíamos. No entanto, a caminho de uma reunião, deparei-me hoje com uma realidade que desconhecia. "A área de serviço de Oeiras não tem combustível" podia ler-se num placard da A5. Ao olhar para o lado, a história repetia-se por cada área de serviço: filas de carros à espera do que costuma ser tão básico - meter gasolina ou gasóleo. Diziam-me hoje que um dia destes, a continuar esta paralisação, ainda vamos comprar um pacote de leite de cada vez como antigamente (isto é se ainda houver leite, claro).
Até posso entender as razões da greve pois as coisas não podem continuar como estão. Não me parece é nada democrático intimidar alguns dos camionistas a participar. "Ou participas e te juntas voluntariamente (dizem eles) ou chegas lá à frente e o teu camião é destruído". Dizem que vivemos em democracia? São estas as atitudes democráticas que são chamadas à tona quando são realizadas greves? Digamos que concordo com a intenção da greve e os motivos que a justificam mas discordo completamente com as atitudes monárquicas de alguns dos camionistas.
O que me deixa realmente preocupada é o tal estado de sítio em que este País se está a transformar. A continuar esta paralisação, onde vamos parar? Sem combustível para nos deslocarmos e sem os bens essenciais para nos alimentarmos? A minha cunhada hoje dizia-me que realmente não damos valor às coisas básicas da vida. Para nós, é um dado adquirido ir à bomba abastecer o carro com combustível ou ir ao supermercado comprar os produtos / bens essenciais para o nosso dia-a-dia. É tão básico pois está tudo disponível à distância de poucos kms. Pela primeira vez na vida, deparo-me com uma crise que afecta directamente o dia-a-dia dos portugueses. Olho estupefacta para o desespero de algumas pessoas que precisam do precioso combustível para se deslocarem para o emprego ou para os seus afazeres pessoais. Fico também espantada com uma certa passividade do Governo e lamento as mortes que esta greve já fez. Não era suposto ser assim...

Duas faces da mesma moeda
Fico ainda mais espantada com os buzinões a favor de Portugal, depois do jogo, quando enfrentava uma fila de dez carros para colocar gasolina no carro do meu pai. Admira-me como é que o País consegue festejar perante uma crise eminente. Sou completamente adepta da selecção e vibro com os jogos... mas não consigo sair para a rua e demonstrar a minha euforia perante o estado em que o País se encontra. Prefiro vivê-la interiormente, sem grandes manifestações públicas.
Portugal vive actualmente duas realidades distintas: a euforia com os jogos da selecção e o desespero com a paralisação dos camionistas. É realmente difícil acalmar os ânimos em qualquer uma das realidades e gerir adequadamente as duas situações.
Voltarei em breve com mais duas ideias de férias para dar continuidade ao que comecei ontem a escrever. Decidi fazer uma pausa pois realmente é muito difícil ficar indiferente ao estado em que o País se está a transformar. Até quando esta paralisação? Quais as consequências da mesma? É complicado responder. Resta esperar e tentar manter a serenidade no meio do caos instalado e da agitação eminente.

4 comentários:

Anónimo disse...

É bem verdade o que dizes.
E o mais engraçado é que (acabei de confirmar) os gajos dos piquetes de bloqueio foram ver o jogo aos cafés.
É uma alegria!!
Querem "gasoile" mais barato? E mais alguma coisinha?
Sou camionista, sou o maior!!

Anónimo disse...

Para mim é um bocado difícil comentar. É q sou completamente contra as greves, e ainda mais porque sei que mesmo os que não a querem fazer, são obrigados a fazê-la, por ameaças físicas ou aos seus bens. Qualquer greve é assim.... Mas alguém tem que fazer qualquer coisa. Até nem achava mal que se incendiasse a casa e o carro pessoal do Sócrates, mas o camião de uma pessoa que apenas quer fazer o seu trabalho para ganhar dinheiro para sobreviver? Não concordo... não concordo mesmo. Sou bem radical neste tipo de coisas. Mas para se fazer qq coisa tem que ser ao poder que vem de cima... e esses nunca são afectados... quem paga é sempre o mesmo... ou é o Bibi, ou é o árbitro que é suspenso ou é o zé ninguém que lhe partiram o camião, etc etc... Ministros, dirigentes, políticos, pessoal com poder, esses nunca são afectados. Por isso é q tento me abstrair desses problemas, pq senão qq dia fico maluco. É o país que temos, os políticos que temos, o povo que temos... Votaram neles, agora aguentem-se. O q acho estranho é q noutros tempos faziam-se buzinões na ponte, cortavam-se estradas, pareciam q queria matar os ministros... mas estes como já são de outra cor, tá tudo bem. Até aposto a minha vida em que se houvessem eleições amanhã o Sócrates ganhava com maioria absoluta....

É assim.... bem disse q n queria falar... eheheheheheh

BJSS

Andreia Azevedo Moreira disse...

Pois é Cláudia só quando nos bate à porta nos apercebemos. Pode ser que isto sirva para nos acordar a todos. Bjinhos

Marisa disse...

Em dias de fitebol não há crise no país. Há dinheiro para tudo e não há nada que baixe a moral ao pessoal. É estranho mas é assim que as coisas funcionam cá!
Também já estava a ficar assustada com a greve. Mais uns dias e o país parava por completo. Medo.
Felizmente a greve acabou e agora ja podemos ir comprar paletes de leite, em vez de um pacote :P