11/10/2007

Geração recibo verde e estágios para a nossa geração...

É a actual realidade do nosso País. A nossa geração está facilmente conotada com palavras como "recibos verdes", "estágios", "salários baixos", "insegurança"... Quando penso no actual estado do País e no número de desempregados que engorda os números do Instituto de Emprego e Formação Profissional todos os dias, bem como as estatísticas alarmantes do Instituto Nacional de Estatística, fico chocada. Penso nos quatro anos de licenciatura em que a ilusão era o que marcava o futuro destino de tantos estudantes de Comunicação Social. Andámos quatro anos na ilusão de que as coisas cá fora não estariam tão mal... Quando confrontados com a dura realidade, a palavra "canudo" parecia afinal não ter tanto significado. A sua importância afinal não seria tão grande a avaliar pela quantidade de licenciados que trabalham em imobiliárias, agências de seguros, serviços administrativos ou supermercados. E atenção que não estou a minorizar o valor de qualquer uma destas profissões pois admiro cada uma delas e não tenho nada a mania de achar uma determinada profissão superior a outra. Aliás, admiro muito mais certas profissões, cujo esforço físico é muito maior do que aquele que o facto de ser jornalista me exige.
Lamento que a minha geração tenha de viver eternamente em casa dos pais ou passe por tantas dificuldades até ter o mínimo de estabilidade. Ora aqui surge outra palavra tão engraçada que, nos nossos dias, pouco significado e peso tem. O que é afinal a estabilidade? Quantos de nós podemos afirmar que estamos seguros nos nossos empregos? Quantos é que podem ter a certeza que irão ter sempre o ordenado ao fim do mês para pagar as contas?

Tenho um óptimo estágio para te oferecer!!!
Outra realidade que me faz alguma espécie é a grande quantidade de estágios que proliferam e enchem os sites de emprego nacionais. Estágio atrás de estágio... As exigências são mais que muitas. Tens de saber línguas, ser pontual, trabalhar em full time, ter disponibilidade para trabalhar ao fim de semana... mas as ofertas não são assim tantas. Senão vejamos: "procura-se para estágio não remunerado" ou então "pagamento de subsídio de alimentação e de transporte". E ficamos por aqui... Alguns ainda afirmam que há possibilidade de integração nos quadros da empresa. No entanto, todos sabemos, que esta promessa também não nos garante a certeza e estabilidade que todos desejaríamos. Afinal, estivemos anos a estudar e concluímos uma licenciatura que nos deveria dar maior dignidade. Na área onde tenho o privilégio de ainda trabalhar (e para a qual investi anos da minha vida com muito estudo e muitos gastos, apesar de ter entrado para a Universidade Pública), os estágios são mais que muitos. Oferta não falta! O mesmo não se pode dizer em termos de emprego efectivo. Muitos dos meus ex colegas estão a trabalhar fora da área depois de tanto tempo a saltar de estágio para estágio e sem conseguirem um emprego (Desculpem... devo antes dizer um trabalho porque os empregos são só para alguns).

Quando não estamos em estágios, passamos por algum tempo em recibos verdes que nos enchem de benefícios. Paga-se mensalmente 150 euros de segurança social, no mínimo. Paga-se também IVA e faz-se retenção na fonte. Para quê, pergunto eu? Para não ter direito a subsídio de alimentação, nem de transportes e muito menos de férias. Subsídio de Natal? Só pode ser piada! Ah! E também não sei porque é que se paga mensalmente à segurança social. Provavelmente para que esses contribuintes contribuam para a reforma dos outros.
É por estas e por outras que não posso considerar justa a situação que a minha geração vive actualmente. É por isso que tenho amigos desesperados à procura de emprego, que se candidatam diariamente, que investem em candidaturas espontâneas e que recebem respostas (quando recebem) que ditam o arquivamento daquele Curriculum para futura abertura de vagas da empresa. Neste caso, sabem ler nas entrelinhas e percebem que jamais serão chamados para aquele local e que o CV que enviaram é apenas mais um no meio de centenas.

Quando penso nisto, lembro-me imediatamente de João Pacheco, Prémio Gazeta Revelação em 2006. O Prémio Gazeta é a mais prestigiada distinção de jornalismo em Portugal. Por altura da entrega da distinção, João Pacheco, jornalista, afirmou determinadamente algumas frases que valem a pena parafrasear neste contexto: "Como trabalhador precário que sou, deu-me um gozo especial receber o prémio Gazeta Revelação 2006, do Clube dos Jornalistas. A minha parte do dinheiro servirá para pagar dívidas à Segurança Social. Parece-me que é um fim nobre. Não sei se é costume dedicar-se este tipo de prémios a alguém, mas vou dedicá-lo. A todos os jornalistas precários". Obrigada João Pacheco. Julgo que muitos jornalistas se sentem atingidos pela homenagem. Mas o João continua o seu discurso de forma brilhante e afirma: "Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato. Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos".
O mais grave é que a precariedade é a actual realidade das várias áreas profissionais. Julgo que este discurso é a melhor forma de concluir esta desabafo que hoje me apeteceu partilhar. Deixo-vos também um link para um artigo recente do jornalista que venceu o Prémio Gazeta e que foi publicado na Revista Visão com reportagem fotográfica José Caria.

5 comentários:

Anónimo disse...

Um post interessante... mto interessante. Vai-se lá saber porquê, mas o filho do Ministro tem um ordenado de 800 contos, como acessor do Sr. Ministro, que por acaso, e só por acaso, é seu pai. Existem inúmeros casos destes, e quando não são filhos, são os primos, os irmãos, os sobrinhos, etc, etc... Mas eu tenho culpa q os meus pais n sejam ministros??? Ou pessoas com altos cargos? É q só assim é que se sobe (ainda mais) na vida. Ou então como mtos outros, que começaram sem nada, começaram por roubar auto-rádios dos carros, foram por aí fora, e hoje conseguem comprar a pronto uma fábrica q custou 20 MILHÕES DE CONTOS!!!! Ou outros, q tb começaram sem nada e hoje são entram nas 100 maiores fortunas de Portugal... Foi sorte??? Foi algo mais??? Não sei, nem quero saber. O q sei é q n me vejo em negócios escuros (e podia fazê-los), nem coisas ilegais. Há-de surgir algo decente, algo legal, algo q me realize. Tb n sou esquisito.

Oiço falar de outros tempos, os tempos da outra senhora. Nessa altura n se falava de desemprego, de insegurança, de ilegalidades, de manifestações, de inúmeras coisas q hoje ouvimos falar e achamos q tá mal. Só estamos a recolher o q alguém que se diz democrático plantou. A democracia é isto mesmo, temos os mesmos direitos, (uns de ganharem mto outros de ganharem pouco, outros de n ganharem nada), temos mais liberdade (uns podem matar e assaltar q o Sr. Dr. Juiz manda em liberdade e diz-lhes "n façam isso, ai ai", outros nem uma embalagem de chocolates do Lidl para comer podem "roubar", que ficam logo detidos, uns podem bater em polícias, outros têm q se legalizar p/ poderem mostrar as suas faixas num simples jogo de futebol, e podia estar aqui a noite toda a dar exemplos... mas deixo apenas mais um, que está na actualidade por fazer 40 anos da sua morte... Che Guevara... quem foi realmente? Um assassino, que mandou assassinar todo aquele que n era da "cor" dele, ou q tinha opinião diferente da sua. Mas é um HERÓI, e toda a gente o idolatra, e é premitido idolatá-lo... E os outros, que fizerem "apenas" o mesmo que ele, mas com "cores" diferentes, pq é q n podem ser idolatrados? Pq n se podem exibir bandeiras, falar livremente dessas pessoas??? Podem-me vir com todos os argumentos, mas se é p/ um lado, obrigatoriamente tem que ser para o outro. Sempre fui e sempre serei uma pessoa q dá hipóteses a dois lados de uma batalha. Tem q se ouvir os 2 lados, p/ poder emitir uma opinião. Dp há que respeitar essa opinião, concordando ou não....
É assim q sou, é assim q sempre serei.
Parafraseando o meu mano, o meu melhor amigo... "A liberdade acaba qd elegemos alguém para nos representar".

BJSS!!!!!!!

P.S. Podia dizer mtas mais coisas, mas n sou de escrever mto

P.S. 1 Fogo... pareces tu a escrever... nunca + acabava... ligaram-me à corrente e cá fui eu...

Anónimo disse...

ups... 1 erro... n é premitido. é Permitido...

Andei eu n faculadade...

Anónimo disse...

eheheheh... mais outro erro... tou a ver q comprei a minha licenciatura... por isso é q n gosto de escrever... dp um gaijo vai ler e dá m.... n é acessor... é assessor...
Espero q n descubram + nenhum.... ganda parvo....

Anónimo disse...

Oláaaaa Clau!! Espectacular este post...Manifesto aki pela primeira vez a minha opinião. Sei bem esta realidade, pois vivo nela.E agora novamente desempregada!!!!!Mas dias melhores virão, certamente...
Bjcs grandes =)
Ana Isabel (Colégio)

Andreia Azevedo Moreira disse...

Não tenho mais a acrescentar! É tudo isto que dizes Cláudia a multiplicar por todas as áreas porque em todas se passa o mesmo. Subsídio de férias? Nope. Subsídio de desemprego se for para o olho da rua? Nope. Contrato além de um ano? Nope. Nem contrato sério, nem além de um ano. Nos tempos que correm temos de ter vistas curtas, pensar apenas no presente e esperar que corra tudo bem no dia seguinte. Vivem-se tempos difíceis. E nós? Comemos e calamos, cada um no seu drama pessoal... Bjinhos miga.