Saudações iscspianas!

Logotipo dos 100 anos do Iscsp retirado do site http://www.iscsp.utl.pt/

Eis a forma como alguns dos meus colegas de faculdade ainda se despedem uns dos outros em emails, telefonemas ou sms. Já faz dez anos que entrei no ISCSP, aquela faculdade que se situava no Palácio Burnay e que agora se mudou para um edifício muito maior e mais moderno no Alto da Ajuda. É incrível!!! Passaram dez anos!!! Parece impossível e somos quase obrigados a cair em frases feitas como "parece que foi ontem" ou então o meu preferido "como o tempo passa". Digamos que os clichés encaixam aqui que nem uma luva pois, de facto, olho para trás e parece que não foi há tanto tempo assim.

A minha relação com o ISCSP vai ficar sempre guardada no meu sótao de ideias. Adorei os tempos da faculdade, a melhor altura das nossas vidas, conheci lá bons amigos, daqueles que temos a oportunidade de conhecer uma vez na vida e de guardar com muito carinho. O ISCSP ficava num Palácio muito bonito e era um espaço extremamente agradável. Cada corredor terá histórias para contar. Desde às aulas do Professor Barata, aos apontamentos intermináveis das várias cadeiras, aos lanches no jardim, às cusquices no pátio, aos almoços na tasca mais próxima, aos degradantes almoços da cantina, às noites de festas únicas, às praxes de caloiros, às angústias das orais e às terríveis aulas de Semiologia.

"Balada da licenciatura"

Hoje, alguns já são casados, outros têm filhos. De outros, perdi o rasto... Mantenho amizade com alguns bons amigos que conheci no ISCSP, já fui a casamentos e à maternidade conhecer a gerações seguintes. Assisti a começos de namoro improváveis que hoje deram lugar a consolidadas famílias. Compro as revistas ou jornais onde trabalham exs colegas, oiço programas de rádio onde trabalham outros tantos incansáveis do jornalismo, com quem partilhei quatro anos da minha vida e horas, muitas horas e ainda mais horas. Segundos, minutos, horas... Os ponteiros do relógio não se notavam quando estávamos a confraternizar no ISCSP. Nunca me hei-de esquecer dos momentos partilhados, dos locais visitados, das tristezas compartilhadas e das alegrias vivenciadas. Sei que são esses momentos que me irão acompanhar por bons anos. Hoje é simpático ver fotografias daquele tempo que não volta mas que fica guardado na memória de cada um de nós. Vivo com orgulho a profissão de muitos colegas iscspianos que, tal como eu, lutam diariamente por um lugar e enfrentam uma vida dura e nada facilitada... Todos chegámos à conclusão que estávamos protegidos no ISCSP e que o mundo cá fora era uma verdadeira utopia. Outros não tiveram a mesma sorte e foram parar a profissões que pouco têm a ver com aquilo em que se especializaram. E não há coisa mais injusta do que andar quatro anos a estudar e a demonstrar esforço e estudo para depois acabar em postos de trabalho que nada têm a ver com o jornalismo.

Não vou referir nomes. Não posso. Os amigos que ficaram do Palácio Burnay estão bem guardados no meu coração e irão fazer parte de alguns momentos deste sótão. Estão também convidados a partilhar aquilo que bem acharem no meu blog. A amizade construída no ISCSP e todas as imagens que me trazem vários sorrisos e boas recordações bastam para os definir. Só alguns têm o privilégio de viver os anos de faculdade como nós vivemos! Não é de estranhar que naquele dia 10 de Dezembro, há uns anos atrás, estivéssemos com a felicidade de quem estava prestes a apresentar uma tese de licenciatura e a terminar o curso, misturada com a sensação de vazio... A partir daí, tudo iria ser diferente, a vida iria mudar, nada voltaria a ser como até ali. Deve ser por isso que nunca me esqueci da data, do dia em que apresentei a minha tese de licenciatura e em que os 17 valores me encheram de orgulho. Seguiu-se a festarola de comemoração até altas horas da noite.

Tenho saudades... saudades dos pequenos almoços na cantina, do café intragável que serviam de companhia a muitas conversas, do Chico, o cão mascote que se passeava por lá, da Rádio Iscsp, dos colegas de turma, das histórias proibidas, das aulas no anfiteatro, nas noitadas e directas a estudar com a minha sócia para os exames do dia seguinte, das festas, das festas, das festas (tenho que repetir a ideia porque eram mesmo únicas e muito boas), da ansiedade de ir a correr ver a nota de uma cadeira, da beleza do Palácio, das música do Zé Caloiro, ou da Balada da Licenciatura, das excelentes actuações da tuna, da queima das fitas, do baile de finalistas, de... de... de... de... Eram precisos vários blogs para descrever a sensação que é ter pertencido a uma instituição que tinha pouco de formal e muito de familiar. O ISCSP era uma autêntica família... Espero que ainda se mantenha assim! E venham mais casamentos, baptizados, mudanças de emprego dos amigos, novas gerações, partilha de alegrias e tristezas com aqueles que conhecemos quando andávamos na rua a gritar e a viver a experiência de ser caloiro. As histórias que vivemos por lá davam um livro. Daqueles bons livros que lemos do início ao fim, num só fôlego e concluímos com a sensação de termos sido uma das personagens principais.

Aos meus amigos que se identificaram com a leitura deste post, as minhas saudações iscspianas e um beijinho do tamanho do mundo.